Antes do conteúdo publicado na página “Sobre“, o texto abaixo era a Declaração de artista (Artist Statement) do site anterior.
Muito do que está aqui continua válido e ainda serve como referência.
A arte muda, evolui, busca novos limites. E sua graça, ao meu ver, está justamente em saber que experiência e estudo nunca são suficientes para dominá-la.
Embora minha arte envolva diversos questões – incluindo a pesquisa de cores e pigmentos puros, meio-ambiente e até aspectos políticos através das transparências – nunca gostei de explicar as minhas ou quaisquer obras de arte. Tudo o que penso já está exposto de certa forma em cada uma delas.
Mas sempre tive barreiras para deixar clara essa minha resistência. Até ver que alguns dos principais artistas contemporâneos agem da mesma forma, principalmente Ai Weiwei e Gerhard Richter (que inclusive pensa sobre a arte de forma muito semelhante a mim).
Não seria com um discurso melodramático e linguagem inflamada que eu explicaria minha própria obra. Se eu tivesse a intenção de descrevê-la, na verdade eu usaria apenas perguntas simples e diretas – mas prefiro que cada um as formule da sua maneira e trace seu próprio caminho.
Para criar um ponto de partida, prefiro revelar um pouco da minha linha de raciocínio e o que penso sobre arte – ou o que pode ser descrito como meu artist statement.
Costumo pesquisar e ler muito, e a cada artista plástico, autor ou crítico de arte que estudo, busco pontos em comum e dissonantes com meu pensamento que façam evoluir minha percepção e visão sobre as artes plásticas em geral.
Quando comecei a estudar Clement Greenberg, um dos mais influentes críticos de arte do último século, minha identificação foi tanta que minha própria arte foi transformada – uma evolução que eu já buscava mas não sabia exatamente como executá-la.
Essa mudança pode ser vista principalmente a partir da tela “Sereia” e da luminária “Lava”, ambas de 2014.
Resumo abaixo um pouco do que Greenberg pensava sobre a arte.
Para Greenberg, a arte significa uma mudança de atitude perante a consciência e seus objetos. O autor também defende a ideia de que as obras de arte precisam ser vivenciadas.
As obras podem ser descritas de diversas maneiras, mas não nessa experiência ou vivência como arte.
Tudo o que lemos, pensamos ou debatemos sobre arte é sempre relacionado ao efeito que ela causa – assim como todas as outras coisas que são fim em si mesmo: amor, moral, felicidade etc.
Na verdade, ninguém sabe o que significa uma obra de arte.
Isso porque não somos capazes de descrever o que se passa conosco durante uma experiência com a arte.
Mas sabemos que o jeito que sentimos a arte é semelhante a como percebemos as qualidades sensoriais (cores, sons, sabores etc). E dois pontos em comum dessas percepções primárias é que são inexplicáveis e indescritíveis.
Outro ponto importante nas análises de Greenberg é o juízo estético, ou gosto – que é proporcionado pela própria experiência artística.
O gosto não pode ser provado, demonstrado ou questionado. Mas o gosto pode sim ser discutido!
Isso porque os critérios existem, mas é impossível determiná-los. Embora eles possam ser distinguidos pela experiência – da mesma forma como sabemos diferenciar o bem e o mal ou as cores.
O gosto consiste apenas em criar a uma opinião sincera a partir da intuição. Significa apenas gostar ou não gostar, ter ou não ter satisfação. E ninguém pode fazer isso por nós!
O gosto é formado por expectativas, enquanto a arte é formada pela satisfação de expectativas. Na arte, o valor que mais gera satisfação é justamente o gosto, ou a estética.
A arte sem questões estéticas deixa de ser arte. Ou seja, onde não há estética, não há arte.
Meu artist statement é simples assim!
Nesse novo site, publiquei um novo texto atualizado sobre o que penso sobre a arte. Não deixe de ler e cadastrar seu e-mail no formulário abaixo para receber as principais atualizações!
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